CineDiálogo - Projeto promove filmes e debates para juventude de Salvador

CineDiálogo

Projeto promove filmes e debates para juventude de Salvador

Realizada pelo Circuito Saladearte com patrocínio da Unijorge e Prefeitura de Salvador, programação integra comunidades escolares em torno de temas sociais

 

 

De 22 de setembro a 18 de outubro, alunos, professores e coordenadores de escolas públicas e privadas de Salvador irão participar do projeto CineDiálogo – Conversando o Cinema, que, em sua primeira edição, surge para estimular a relação entre a arte cinematográfica e a educação. A programação ocupa o Saladearte Cine Paseo, no bairro do Itaigara, e aborda temas sociais urgentes, proporcionando às comunidades escolares a oportunidade de reflexão e aprendizado a partir da experiência em cinema. Racismo, intolerância religiosa, desigualdade social, precarização do trabalho, linchamento virtual e relações familiares são assuntos tratados em seis recentes filmes brasileiros, exibidos num total de 10 sessões que serão seguidas de debates com convidados. O projeto, realizado pelo Circuito Saladearte, tem patrocínio da Unijorge por meio do Programa de Incentivo à Cultura Viva Cultura, da Fundação Gregório de Mattos e Prefeitura de Salvador.

 

Cerca de 1 mil pessoas serão beneficiadas pela iniciativa, que também propõe ser um espaço inclusivo: haverá sessão com intérprete de Libras, garantindo a acessibilidade de pessoas surdas. “Cinema e educação são a base do CineDiálogo, não apenas por criar e renovar o público, mas também, e principalmente, porque através do cinema podemos dialogar sobre as questões mais diversas”, resume Marcelo Sá, diretor de projetos do Circuito Saladearte.

 

A escolha de longas-metragens nacionais se deve ao significativo crescimento do cinema brasileiro nos últimos 20 anos. “No processo de curadoria, consideramos filmes que suscitam diálogos sobre temáticas que circulam na contemporaneidade, seja a partir da análise dos códigos da criação cinematográfica, seja pela leitura dos afetos que o cinema, enquanto potência artística, produz”, explica Midian Garcia, uma das curadoras do projeto e professora da Unijorge.

 

Para a abertura, no dia 22, às 9h, o CineDiálogo receberá coordenadores e professores para falar sobre a potência da arte cinematográfica em seu produtivo encontro com o ensino em um bate-papo com Inês Assunção de Castro Teixeira, graduada em Ciências Sociais, mestre, doutora e pós-doutora em Educação, coorganizadora da coleção “Educação, Cultura e Cinema”, da editora Autêntica (MG), que terá três de seus livros lançados na ocasião. Além da exibição do documentário Pelos Caminhos do Cinema – Educação.

 

Segundo Inês, o cinema é uma ferramenta importante no processo educacional. “É essencial o enlace do cinema com a educação, pois ambos podem nos humanizar. O cinema amplia e desloca nossos olhares, inventa e reinventa o mundo, assim como a educação inventa e reinventa a vida, que amanhece nas crianças e jovens que recebemos na escola”, opina. “Educar é poder construir um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, para todos e todas. Quando a educação abraça o cinema, podemos fazer uma escola mais generosa, mais bonita e mais feliz”, completa Inês.

 

ESCOLAS PARTICIPANTES – A primeira edição do CineDiálogo reunirá 10 instituições de diferentes regiões da cidade, sendo quatro de ensino público – Colégio Estadual Góes Calmon (Brotas), Colégio Estadual Helena Matheus (São Cristóvão), Colégio Estadual Thales de Azevedo (Costa Azul) e Instituto Central de Educação Isaías Alves – ICEIA (Barbalho) –, cinco escolas particulares – Centro Educacional Vitória Régia (Cabula), Colégio Antônio Vieira (Garcia), Colégio Integral (Pituba), Colégio Sacramentinas (Campo Grande) e Villa – Campus de Educação (Paralela) –, além da Associação Educacional Sons no Silêncio (AESOS), do Imbuí, focada na inclusão social de cidadãos surdos.

 

SELEÇÃO DE FILMES – Em torno da temática de desigualdade social, o filme “Era o Hotel Cambridge” (2016), de Elaine Caffé, traça um mosaico dos problemas sociais a partir de um antigo hotel de luxo de São Paulo abrigado por famílias de refugiados e sem teto. Na pauta da precarização do trabalho, “Arábia” (2017), de Affonso Uchoa e João Dumans, é um retrato da classe trabalhadora brasileira, do trabalho marginalizado e das difíceis possibilidades de melhorias de condições de vida oportunizadas para grande parte da população. “O caso do homem errado” (2017), de Camila de Moraes, aborda a questão do racismo ao revelar a história de Júlio César de Melo Pinto, operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar nos anos 1980. “Aos teus olhos” (2017), dirigido por Carolina Jabor, reflete sobre os linchamentos virtuais apresentando um professor que passa a ter que lidar com a denúncia irresponsável de pais de um aluno. Para tematizar a intolerância religiosa, “ALÁPINI: A herança ancestral de Mestre Didi Asipá” (2017), dirigido por Emilio Le Roux, Hans Herold e Silvana Moura, é um documentário acerca de Mestre Didi, em homenagem ao seu centenário. Por fim, as relações familiares aparecem em “Como nossos pais” (2017), de Laís Bodanzky, que concilia temas ancestrais, como a ligação entre mãe e filha, e questões contemporâneas, de anseios e conflitos da mulher que constituem uma nova onda feminista.

 

CIRCUITO SALADEARTE – Com 18 anos de história, o Circuito de Cinemas Saladearte conta com quatro salas: duas no Cine Paseo (Itaigara), uma no Cinema da Universidade Federal da Bahia – UFBA (Vale do Canela) e outra no Cinema do Museu (Corredor da Vitória). Apresenta à cidade um formato de programação que preza pela qualidade e diversidade, com um público de aproximadamente 15 mil espectadores por mês.

 

CineDiálogo – Conversando o Cinema

Projeto voltado a comunidades escolares convidadas

Sessão de abertura: 22 de setembro, 9h

Sessões escolas: 25, 26 e 27 de setembro, 2, 3, 4, 16, 17 e 18 de outubro

 

Onde: Saladearte Cine Paseo (Rua Rubens Guelli, 135 – Itaigara)