Prefeitura Municipal de Salvador

Programação Cultural

Espaço Cultural da Barroquinha recebe ensaio aberto do espetáculo “Bispo”, com João Miguel
De 17 a 20 de dezembro, o Espaço Cultural da Barroquinha recebe as apresentações gratuitas  de  “BISPO  em processo”,  uma ação para o lançamento do projeto de  remontagem  do espetáculo  teatral “BISPO”, ainda  em processo de criação.  Com  concepção,  dramaturgia, direção e atuação do ator-autor João Miguel, a nova montagem tem temporada de estréia prevista para julho  de 2016.

As sessões de  “BISPO em processo” serão abertas ao público, de quinta a domingo, às 19h, com  distribuição  de  senhas na bilheteria do espaço a partir das 17h. Todas as apresentações  serão seguidas de bate-papos com  João Miguel e diferentes convidados a cada dia: Ricardo Resende, curador da obra de Arthur Bispo do Rosário; Eryk Rocha, cineasta; Fábio Vidal, Jackson Costa e Ricardo Castro, atores-autores; e a  equipe de criação do espetáculo.

A primeira montagem de “BISPO” estreou em Salvador, em 2001, fruto de uma  profunda pesquisa de João Miguel por materiais a respeito da vida e da obra de Arthur Bispo do Rosário. Com direção de Edgard Navarro, o espetáculo foi apresentado ininterruptamente ao longo de 5 anos, circulando por cidades brasileiras como Recife, Brasília, Rio  de Janeiro, João Pessoa, São Paulo, interior de SP, interior do  Nordeste,  entre outras. Grande sucesso  de público e de crítica, participou também de festivais, como o de Guaramiranga, no Ceará (prêmios  de melhor  ator, diretor, cenário e espetáculo), em 2001, o de Porto Alegre e o de São José do Rio Preto,  ambos em 2002, além de arrecadar diversos prêmios, tais como  o “Prêmio Braskem de Teatro da Bahia”, ator revelação (2001) e a  indicação ao Prêmio Shell de melhor ator para João Miguel em 2003.

Agora, 15 anos depois, o ator decidiu remontar a peça e presentear Salvador com  as apresentações de “BISPO em processo”, seguidas  de bate papos com o público.

“A Brasilidade de Bispo não é  uma brasilidade folclórica, e sim livre, assumida. Mas não conceitual, e sim praticada! Por isso mil conceitos sobre a obra podem surgir, e já surgiram.  A obra do Bispo é de uma ‘existência’ tão  profunda, que  alcança uma dimensão  além  de qualquer catalogação. Nela existe o  mistério presente todo o tempo. Bispo foi além da catalogação do esquizofrênico, além  do artista. Bispo rompe  fronteiras. Esta dimensão  me interessa.”  João Miguel

“Bispo do Rosário foi, em seu  tempo,  um sobrevivente: da lobotomia - inventada em 1936; do eletrochoque – datado de 1938; dos castigos e da cela forte onde ele foi recolhido ‘a pão e água’, por longos períodos. Isto num contexto, o da década de 1930, marcado no Brasil pela ascensão do fascismo, em sua versão nacional, e pela intensa atuação da  Liga Brasileira de Higiene Mental, que adotava uma política higienista, racista e xenófoba. Ele sobreviveu à psiquiatria que mutilava e que assumia o papel de depósito dos que incomodavam a ordem reinante. A implicação disto pode ser constatada nas palavras de Gustavo Riedel, em seu discurso no lançamento da pedra fundamental da Colônia Juliano Moreira, 19 anos antes da internação de nosso artista. Segundo ele, a Colônia se  destinava ao recolhimento dos degenerados de toda a ordem: tarados, mendicantes ociosos,alucinados pelo delírio  vermelho e fanáticos anarquistas e comunistas, doentes mentais, desordeiros, figuras anti-sociais, etc.”
Ricardo Aquino (“Arthur Bispo do Rosário”, pg. 59 – Rio de Janeiro: Réptil, 2012)

Dialogando com as vertentes mais modernas do teatro contemporâneo atual, o espetáculo propõe uma união  de várias linguagens, como  uma “sinfonia brasileira”, fundindo o cenário (artes plásticas), a luz, o texto, o som (músicas e sonoridades que  remetem ao inconsciente  de Bispo), que são misturados em cena com as palavras de Arthur Bispo do Rosário, na voz e no  corpo do ator João Miguel. 

Através de um mergulho coletivo, o  espetáculo enfoca a lógica de  criação de Bispo e  a materialização da obra do artista numa dimensão profunda de  reconhecimento e legitimidade, independente das catalogações a  que ele foi submetido  no decorrer de anos, como esquizofrênico e  como artista plástico. Aqui, são abordadas  questões fundamentais e   atuais para a sociedade,  tais como identidade, brasilidade  e oralidade.

A intenção  é dividir com o  público esta “loucura lúcida” e abrir  novas janelas sobre a  potência genuína do homem brasileiro, aqui  representado por Bispo, que  se afirma através do  próprio trabalho e provoca  questões no espectador. O público é convidado a penetrar no universo  de criação de Arthur Bispo do Rosário, através de uma leitura e  de um olhar  particulares sobre suas palavras, sua obra, sua  escrita. O espetáculo pretende transcender as catalogações de  “regionalismo”, “loucura”, “artes plásticas”, sem  deixar de incluí-las, abrindo novas janelas em um momento tão importante para o  diálogo a  respeito de identidade e cidadania.

Um espetáculo solo, desenhado por uma série de partituras físicas e vocais  que resultam em uma espécie de colagem de cenas. O universo místico de Bispo, a sua relação com a obra, a  visão da Virgem Maria, a paixão pela psicóloga Rosângela  Maria, os delírios são abordados  com ritmo,humor  e a profundidade  que este  universo  requer.

“Dizem que isso que faço é arte. Quem fala não sabe de nada.Isso é a minha salvação na Terra. Ta mais do que visto. Mas é pra quem vê. Pra quem não vê não dá  pé.”
Bispo do Rosário

SERVIÇO
Temporada: 17 a 20 de dezembro
Bate papos com  o público e convidados após as sessões:
17/12 – Ricardo Resende, curador da obra de Arthur Bispo do  Rosário
18/12 – Eryk Rocha, cineasta
19/12 – Fábio Vidal, Jackson Costa  e Ricardo Castro, atores-autores
20/12 – Coletivo Bispo, a equipe  e criação do espetáculo

Horário: 19h
Local: Espaço Cultural da Barroquinha - Praça Castro Alves,  s/n°, Barroquinha, Salvador–BA
Informações: 71 99969-4215 e 71 3202-7880
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Ingressos: gratuitos – Distribuição de senhas no local a partir das 17h
Duração: 60 minutos
Gênero: Teatro
Classificação: Livre (Recomendado para maiores de 12 anos)
Capacidade: 70 lugares
Bilheteria: Espaço Cultural da Barroquinha – a partir das 17h, apenas nos dias das apresentações

FICHA TÉCNICA
Texto: Edgard Navarro
Concepção, Dramaturgia, Direção e Atuação: João Miguel
Colaboração: Cristina Moura
Figurino: Adriana Hitomi e Rebeca Matta
Cenário: Zuarte Júnior
Trilha Sonora: André T. e Pupillo
Desenho de Som: André T. e Vavá Furquim
Iluminação: Luciano Reis
Programação  Visual: Adriana Hitomi
Assessoria de Imprensa: Luiz Menna Barreto
Produção:  Joana Damazio e João Miguel
Direção de Produção: Joana  Damazio
Produção Executiva: Fernanda Beltrão