Programação Cultural
- Detalhes
-
Publicado: Quinta, 17 Dezembro 2015 12:38
Espaço Cultural da Barroquinha recebe ensaio aberto do espetáculo “Bispo”, com João Miguel
De 17 a 20 de dezembro, o Espaço Cultural da Barroquinha recebe as apresentações gratuitas de “BISPO em processo”, uma ação para o lançamento do projeto de remontagem do espetáculo teatral “BISPO”, ainda em processo de criação. Com concepção, dramaturgia, direção e atuação do ator-autor João Miguel, a nova montagem tem temporada de estréia prevista para julho de 2016.
As sessões de “BISPO em processo” serão abertas ao público, de quinta a domingo, às 19h, com distribuição de senhas na bilheteria do espaço a partir das 17h. Todas as apresentações serão seguidas de bate-papos com João Miguel e diferentes convidados a cada dia: Ricardo Resende, curador da obra de Arthur Bispo do Rosário; Eryk Rocha, cineasta; Fábio Vidal, Jackson Costa e Ricardo Castro, atores-autores; e a equipe de criação do espetáculo.
A primeira montagem de “BISPO” estreou em Salvador, em 2001, fruto de uma profunda pesquisa de João Miguel por materiais a respeito da vida e da obra de Arthur Bispo do Rosário. Com direção de Edgard Navarro, o espetáculo foi apresentado ininterruptamente ao longo de 5 anos, circulando por cidades brasileiras como Recife, Brasília, Rio de Janeiro, João Pessoa, São Paulo, interior de SP, interior do Nordeste, entre outras. Grande sucesso de público e de crítica, participou também de festivais, como o de Guaramiranga, no Ceará (prêmios de melhor ator, diretor, cenário e espetáculo), em 2001, o de Porto Alegre e o de São José do Rio Preto, ambos em 2002, além de arrecadar diversos prêmios, tais como o “Prêmio Braskem de Teatro da Bahia”, ator revelação (2001) e a indicação ao Prêmio Shell de melhor ator para João Miguel em 2003.
Agora, 15 anos depois, o ator decidiu remontar a peça e presentear Salvador com as apresentações de “BISPO em processo”, seguidas de bate papos com o público.
“A Brasilidade de Bispo não é uma brasilidade folclórica, e sim livre, assumida. Mas não conceitual, e sim praticada! Por isso mil conceitos sobre a obra podem surgir, e já surgiram. A obra do Bispo é de uma ‘existência’ tão profunda, que alcança uma dimensão além de qualquer catalogação. Nela existe o mistério presente todo o tempo. Bispo foi além da catalogação do esquizofrênico, além do artista. Bispo rompe fronteiras. Esta dimensão me interessa.” João Miguel
“Bispo do Rosário foi, em seu tempo, um sobrevivente: da lobotomia - inventada em 1936; do eletrochoque – datado de 1938; dos castigos e da cela forte onde ele foi recolhido ‘a pão e água’, por longos períodos. Isto num contexto, o da década de 1930, marcado no Brasil pela ascensão do fascismo, em sua versão nacional, e pela intensa atuação da Liga Brasileira de Higiene Mental, que adotava uma política higienista, racista e xenófoba. Ele sobreviveu à psiquiatria que mutilava e que assumia o papel de depósito dos que incomodavam a ordem reinante. A implicação disto pode ser constatada nas palavras de Gustavo Riedel, em seu discurso no lançamento da pedra fundamental da Colônia Juliano Moreira, 19 anos antes da internação de nosso artista. Segundo ele, a Colônia se destinava ao recolhimento dos degenerados de toda a ordem: tarados, mendicantes ociosos,alucinados pelo delírio vermelho e fanáticos anarquistas e comunistas, doentes mentais, desordeiros, figuras anti-sociais, etc.”
Ricardo Aquino (“Arthur Bispo do Rosário”, pg. 59 – Rio de Janeiro: Réptil, 2012)
Dialogando com as vertentes mais modernas do teatro contemporâneo atual, o espetáculo propõe uma união de várias linguagens, como uma “sinfonia brasileira”, fundindo o cenário (artes plásticas), a luz, o texto, o som (músicas e sonoridades que remetem ao inconsciente de Bispo), que são misturados em cena com as palavras de Arthur Bispo do Rosário, na voz e no corpo do ator João Miguel.
Através de um mergulho coletivo, o espetáculo enfoca a lógica de criação de Bispo e a materialização da obra do artista numa dimensão profunda de reconhecimento e legitimidade, independente das catalogações a que ele foi submetido no decorrer de anos, como esquizofrênico e como artista plástico. Aqui, são abordadas questões fundamentais e atuais para a sociedade, tais como identidade, brasilidade e oralidade.
A intenção é dividir com o público esta “loucura lúcida” e abrir novas janelas sobre a potência genuína do homem brasileiro, aqui representado por Bispo, que se afirma através do próprio trabalho e provoca questões no espectador. O público é convidado a penetrar no universo de criação de Arthur Bispo do Rosário, através de uma leitura e de um olhar particulares sobre suas palavras, sua obra, sua escrita. O espetáculo pretende transcender as catalogações de “regionalismo”, “loucura”, “artes plásticas”, sem deixar de incluí-las, abrindo novas janelas em um momento tão importante para o diálogo a respeito de identidade e cidadania.
Um espetáculo solo, desenhado por uma série de partituras físicas e vocais que resultam em uma espécie de colagem de cenas. O universo místico de Bispo, a sua relação com a obra, a visão da Virgem Maria, a paixão pela psicóloga Rosângela Maria, os delírios são abordados com ritmo,humor e a profundidade que este universo requer.
“Dizem que isso que faço é arte. Quem fala não sabe de nada.Isso é a minha salvação na Terra. Ta mais do que visto. Mas é pra quem vê. Pra quem não vê não dá pé.”
Bispo do Rosário
SERVIÇO
Temporada: 17 a 20 de dezembro
Bate papos com o público e convidados após as sessões:
17/12 – Ricardo Resende, curador da obra de Arthur Bispo do Rosário
18/12 – Eryk Rocha, cineasta
19/12 – Fábio Vidal, Jackson Costa e Ricardo Castro, atores-autores
20/12 – Coletivo Bispo, a equipe e criação do espetáculo
Horário: 19h
Local: Espaço Cultural da Barroquinha - Praça Castro Alves, s/n°, Barroquinha, Salvador–BA
Informações: 71 99969-4215 e 71 3202-7880
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Ingressos: gratuitos – Distribuição de senhas no local a partir das 17h
Duração: 60 minutos
Gênero: Teatro
Classificação: Livre (Recomendado para maiores de 12 anos)
Capacidade: 70 lugares
Bilheteria: Espaço Cultural da Barroquinha – a partir das 17h, apenas nos dias das apresentações
FICHA TÉCNICA
Texto: Edgard Navarro
Concepção, Dramaturgia, Direção e Atuação: João Miguel
Colaboração: Cristina Moura
Figurino: Adriana Hitomi e Rebeca Matta
Cenário: Zuarte Júnior
Trilha Sonora: André T. e Pupillo
Desenho de Som: André T. e Vavá Furquim
Iluminação: Luciano Reis
Programação Visual: Adriana Hitomi
Assessoria de Imprensa: Luiz Menna Barreto
Produção: Joana Damazio e João Miguel
Direção de Produção: Joana Damazio
Produção Executiva: Fernanda Beltrão