Prefeitura Municipal de Salvador

2 de Julho

Participação popular foi decisiva na conquista da Independência

 

Com o tema "2 de Julho: 189 anos de liberdade - A força de um povo", a festa em comemoração pela Independência da Bahia vai relembrar, na próxima segunda (2), a importância da grande mobilização popular na luta para consolidar o processo de libertação do povo brasileiro do domínio português no Brasil.

 

Os grandes heróis da independência são lembrados ao longo do trajeto do desfile, que segue da Lapinha até o Campo Grande, através das figuras do Caboclo e da Cabocla, representando o povo brasileiro, além das heroínas Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa, o coronel José Joaquim de Lima e Silva e o general Labatut.

 

"A participação do povo na guerra foi completa, total. Todas as camadas sociais participaram. Todos se mobilizaram pelo interesse da independência. O povo sofria com os impostos altíssimos, a arrogância e o domínio da terra pelos portugueses. A conquista da independência foi a luta do povo baiano e a festa é, sobretudo, do povo da Bahia", afirma a historiadora e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Consuelo Pondé.

 

De acordo com a historiadora, a Independência da Bahia pode ser considerada mais importante do que o ato pacífico da proclamação da Independência do Brasil por Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, em 1822. "A independência da Bahia consolidou a Independência do Brasil. Se não houvesse a Independência da Bahia, o Brasil poderia ficar dividido entre sul e norte. E, posteriormente, aconteceria o processo de recolonização do Brasil pelos portugueses", explica.

 

Apesar da luta pela Independência da Bahia ter sido iniciada antes da brasileira, ela só aconteceu um ano depois. Esta guerra durou cerca de um ano e alguns dias, entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823. Os constantes desentendimentos e a insatisfação com a Coroa Portuguesa vinham se intensificando desde o século XIX.

 

Estopim - O estopim da guerra aconteceu em fevereiro de 1822, quando o governo português nomeou o tenente-coronel Madeira de Melo para exercer o cargo de comandante das armas na Província. Ele substituiu o coronel brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães. No entanto, a nomeação de Madeira de Melo não foi aceita de forma pacífica pelos brasileiros. O tenente-coronel português ordenou que as tropas lusitanas ocupassem as ruas de Salvador. Os brasileiros também reagiram e os conflitos se iniciaram.

 

Os batalhões formados majoritariamente por baianos tomaram o Forte de São Pedro, de onde enfrentaram outros batalhões de maioria portuguesa. Quando os portugueses tomaram o forte e prenderam Freitas Guimarães, festejam atacando casas, pessoas e invadindo o Convento da Lapa, onde se encontravam alguns revoltosos, assassinando a abadessa Joana Angélica.

 

Cercados e sem perspectivas militares, alguns brasileiros se entregaram, outros dispersaram, indo em direção aos subúrbios da capital, ou às vilas do Recôncavo baiano, onde se organizaram. Os fazendeiros municiaram os combatentes, a exemplo do avô do poeta Castro Alves, o major José Antonio da Silva Castro que formou o Batalhão dos Voluntários do Príncipe - popularmente apelidado de "Batalhão dos Periquitos" -, no qual lutou Maria Quitéria. Os negros também se organizaram e formaram o Batalhão dos Henriques, com a promessa de que seriam libertados.

 

Foram todos para Cachoeira e Santo Amaro e formaram o Batalhão da Torre. No dia 25 de junho de 1822, na cidade de Cachoeira, Dom Pedro foi aclamado "Defensor Perpétuo e Constitucional do Brasil". Como retaliação, o tenente-coronel português Madeira de Melo enviou uma canhoneira pelo Rio Paraguaçu, que disparou contra a cidade, dando início à guerra de Independência.

 

Lutas intensas - Após três dias de combate, em 28 de junho, os brasileiros conseguiram dominar a embarcação. Aconteceram confrontos no Recôncavo e na Ilha de Itaparica e, consequentemente, o fortalecimento do exército brasileiro. Dom Pedro enviou o general francês Pierre Labatut para reforçar as tropas brasileiras e fazer um cerco a Salvador, por terra e por mar. Os brasileiros bloquearam os acessos à capital da província, impedindo a entrada de mantimentos, armamentos, reforços e dificultando a comunicação dos lusitanos.

 

Houve confrontos em várias regiões da cidade, sendo a mais importante a Batalha de Pirajá, iniciada em 8 de novembro de 1822. O desfecho da história aconteceu de forma inusitada. O tenente-coronel das tropas brasileiras, Barros Porto, ordenou que o corneteiro Luis Lopes desse o toque de recuar. Ele desobedeceu às ordens recebidas e tocou o "avançar cavalaria" e, em seguida, o "à degola". Com o avanço das tropas brasileiras, os batalhões portugueses recuaram e fugiram.

 

Diante da derrota em Pirajá e da impossibilidade de tomar Itaparica, o tenente-coronel português Madeira de Melo, cada vez mais enfraquecido, viu o custo de vida disparar na cidade. Em junho de 1823, ataques por terra, em várias frentes, acabaram com a tomada de postos de defesa portugueses. Acuado, e sem bases de defesa, Madeira de Melo preparou a retirada que aconteceu na madrugada de 2 de julho de 1823.

 

Secom